quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Não quero de ti amor sublime: não me deixes ir. Eu sei o que me faz feliz, meu bem. É que essa tal forma evoluída de amar – essa coisa de libertar – não me convence, não. Quero mesmo este amor que fere, amor profano que arranca lágrimas e espalha medo. Amor sem paixão não tem graça, é limitado. O amor que espero tem que transbordar, ser maior que teu corpo para que eu possa senti-lo. Aliás, não me satisfaz senti-lo apenas. Quero amor palpável, amor-terra. Tua nuvem passa, querida, e já nem sei se sabes chover.








terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Menina-Flor

Teu amor, Menina-Flor,
desabrochou junto do meu.
E, por tão grande que floresceu,
pendeu do pé e se escondeu.
Mas olha lá, Menina-Flor, olha lá:
o vento há de pô-lo em seu lugar.
Oh, há – meu amor – oh, há!
A borboleta dos teus olhos, Menina-Flor,
já não beija as minhas bochechas.
Quero as cores que tu deixas,
tão alegres, às avessas.
Mas olha lá, Menina-Flor, olha lá:
há saudade nisso, a me matar.
Oh, há – meu amor – oh, há!
É que tua marca em minha mão, Menina-Flor,
nunca vou poder perder.
E teu perfume, sem querer,
vai exalar no amanhecer.
Mas olha lá, Menina-Flor, olha lá:
o sol um dia há de se apagar.
Oh, há – meu amor – oh, há!
Meu nariz de tinta, Menina-Flor,
pintou de vermelho teu coração.
E agora me parece vão
encher um palco de solidão.
Mas olha lá, Menina-Flor, olha lá:
há de ser palhaço pra sonhar.
Oh, há – meu amor – oh, há!
És Menina-Girassol,
és sim lua iluminada:
gira em fases, quer rodar.
Qualquer hora, minha amada,
com certeza há de voltar.
Oh, há – linda flor – oh, há!